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Rádio Auriverde (1990)


Talvez o mais polêmico dos documentários do diretor, em que ele ousa discutir um assunto até então sagrado, a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial através da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Ele realizou um trabalho de pesquisa incrível, inclusive nos Estados Unidos com ajuda de Bob Summers e Cosme Alves Netto, programas de Francis Hallawell, correspondente da BBC de Londres na Itália de 1940/45, além de vários arquivos nacionais.

E descobriu várias raridades, inclusive um esquecido curta-metragem musical de propaganda que a nossa Carmen Miranda tinha rodado para ser mostrado para os soldados (o filme abre com ela cantando "Tico-Tico no Fubá").

De forma por vezes debochada, Sylvio mostra uma rádio clandestina fictícia, justamente a que dá título ao filme, que serve de porta voz para a problemática relação entre Brasil e os Estados Unidos durante o conflito. Um tema tabu, que na época chegou a provocar até protestos de ex-combatentes.

É que existiu apenas um programa chamado "Hora Auriverde" e constava da programação da Rádio Vitória, que pertencia ao Ministério da Propaganda e aos exércitos alemães, que diariamente entre as 13h e 13h45, durante quatro meses, de janeiro a abril de 1945, irradiava de Fino Monasco, perto de Como, noroeste da Itália, fazendo uma espécie de guerra psicológica, procurando desmoralizar os brasileiros.

Mesclava notícias internacionais tendenciosas com outras sobre o Brasil, sketchs de teatro-revista e música popular de carnaval, incitando o pracinha a desertar, já que era bucha de canhão para os americanos. Mas o filme utiliza esse fato real de forma metafórica, provocadora, no que Sylvio chama de (entre aspas) Filme emissora, na contramão do verbo e da aura pasteurizada que embalam a mitologia de um FEB infalível.

Com certeza é muito raro se ver um documentário como este, inclusive usando como fundo musical a famosa "Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional brasileiro", de Gottschalk. Utiliza também cenas dos filmes nacionais "Eles não Voltaram" (1960) e "Caminho do Céu" (1943). Lançado junto com "Aleluia, Gretchen" no volume 1 da "Cinemateca Sylvio Back".

Duração: 70 minutos 
Direção: Silvio Back
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5 comentários:

  1. Tive a sorte (muita sorte!) de encontrar este filme anos atrás em uma locadora perto da minha casa. Um belo documentário que merece ser assistido, mas se vc for um ex-combatente de quase cem anos, ou um fanático belicista, corre o risco de se aborrecer seriamente...

    http://antesqueatracacoma.blogspot.com/

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  2. Demaisss este filme. Um documentário precioso..
    Adoro o cineasta Sylvio Back... Agora ele esta trabalhando em outro documentário.Guerra do Contestado.Vamos aguardar.
    Obrigado pelos links do filme, qualidade esta ótima. Valeu Abraçosss
    Obs.Postei no meu blog também.

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  3. Essa merda que o tal do
    silvio Back fez heim ?, a FEB foi e sempre será gloriosa as imagens são conhecidas na história
    da guerra, os textos são uma aberração aos nossos
    ex-combatentes.

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  4. Relax, Marcelo. Aqui no Almas sempre há lugar para todos os pontos de vista. Grande abraço!

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  5. O filme é de uma desonestidade atroz. O cineasta (?!?) pinçou imagens de retaguarda (que mostravam, obviamente, os brasileiros relaxando) e não revela (é impossível que não soubesse, depois dos "400 livros" que disse ter lido sobre o tema) que não foram feitas imagens dos brasileiros em ação no front porque cinegrafistas foram proibidos de acompanhar os soldados. Não só cinegrafistas e fotógrafos: os correspondentes de guerra também. Não se queria o impacto negativo de um jornalista morto - algo que, no exército americano, custou vidas, como a do mais famoso correspondente de guerra, Ernie Pyle. Porém, mesmo sem ter corrido risco de vida, os correspondentes de guerra brasileiros presenciaram e reportaram cenas bárbaras da guerra,vitimando os brasileiros. Não foi um passeio, não foi uma encenação do DIP. Além do mais, a narração "em off", supostamente reproduzindo os textos de guerra psicológica lidos por Margarida Hirshman e Emílio Baldino durante a campanha da FEB, não é explicitada, em momento algum, como paródia. Parece que era intenção de Back confundir mesmo a paródia com a realidade, que ele supostamente "revelaria". Do passado, esse documentário nada diz. Do caráter de seu realizador, expõe até suas entranhas.

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